quarta-feira, 27 de janeiro de 2010

SIDA

Os casos de Sida multiplicam-se diariamente por todo o mundo. Porque a prevenção só depende de nós, deixamos aqui os esclarecimentos necessários sobre a doença. Saiba tudo sobre Sida, VIH e medidas de precaução.

A SIDA, ou Síndrome da Imunodeficiência Adquirida, é uma doença provocada pelo vírus VIH – o Vírus da Imunodeficiência Humana. Este vírus ataca o sistema imunitário, ou seja, o sistema de defesas que o organismo tem para se proteger de infecções e destrói os linfócitos ou células T (um tipo de glóbulos brancos).
Quando o sistema imunitário é atacado por microorganismos nocivos, o corpo perde a capacidade de defesa face a infecções que podem ser mortais. A este tipo de infecções que ataca o sistema imunitário sem defesas dá-se o nome de “infecções oportunistas”.
Sendo assim, não é a Sida que causa a morte aos doentes portadores de HIV mas sim as infecções oportunistas ou tumores que se aproveitam do enfraquecimento do sistema imunitário. A Sida apenas facilita o aparecimento destas infecções.

O VIH

O vírus da imunodeficiência humana é um vírus frágil, que não sobrevive fora do organismo, a não ser em condições excepcionais. No entanto, quando se encontra no organismo, o VIH pode permanecer “escondido” durante meses ou até anos, enquanto danifica as defesas do organismo.
O VIH contém uma enzima que procede à leitura da informação genética do RNA viral para o DNA do leucócito. Assim, devido à transcríptase inversa, o VIH é um retrovírus.
O VIH-1 tem uma maior prevalência a nível mundial.
O VIH-2 assemelha-se mais ao Vírus da Imunodeficiência dos Símios do que com o VIH-1 e foi descoberto, inicialmente, no continente africano, tendo sido isolado em 1986. É transmitido pelas mesmas formas que o HIV-1 e, no entanto, não se desenvolveu a partir deste ou vice-versa.
Um grupo de vírus pode conter diferentes subtipos com variações genéticas entre eles de cerca de 10 a 15%. Tanto o VIH-1 como o VIH-2 têm vários subtipos.
Desde o momento da contaminação pelo vírus, em que as pessoas passam a ser seropositivas, até ao aparecimento de Sida pode passar um largo período de tempo. Por isso, muitas pessoas podem estar infectadas com o vírus sem fazerem ideia. Actualmente, julga-se que muitas pessoas infectadas com o HIV podem viver com a doença durante muitos anos, se devidamente acompanhados pelos tratamentos médicos.
Apesar de estar a provocar números catastróficos de infecções por todo o mundo, o VIH não se transmite com muita facilidade. Este vírus entra no organismo através de alguns líquidos orgânicos como o sangue, o esperma, as secreções vaginais e o leite materno.
O VIH entra no organismo através das membranas mucosas, como, por exemplo, as paredes do recto, as paredes da vagina ou interior da boca ou garganta. O vírus também pode ser transmitido pelo contacto directo com o sangue. É preciso ter cuidado com feridas ou cortes na pele porque, apesar de o vírus não atravessar a pele intacta, ele pode ser transmitido pelo contacto com os fluidos da pessoa infectada.
Apesar de ainda existir alguma discriminação social em relação aos seropositivos, a verdade é que não há razões para isso porque o VIH não se transmite através de comportamentos sociais nem pelo ar.


O Teste

O teste ou análise que é feito para detectar a seropositividade detecta a presença dos anticorpos que o sistema imunitário produz para combater o vírus, produzidos pelo organismo.

Embora estes anticorpos não possam destruir o vírus, a sua presença no sangue pode ser usada para confirmar que o indivíduo foi infectado. Assim, se no teste forem detectados anticorpos o resultado do teste será positivo.

Muitos testes de sangue podem detectar a infecção por HIV após três meses da exposição inicial mas pode chegar até aos seis meses para se detectarem níveis razoáveis de anticorpos.

Um teste que apresente um resultado positivo significa então que a pessoa foi contaminado pelo vírus e que o seu organismo começou a desenvolver anticorpos para se defender.

Um teste com um resultado positivo não indica necessariamente a existência de Sida pois o VIH pode permanecer adormecido ou escondido no organismo até aparecerem os sintomas da doença. Este período entre a contaminação pelo vírus e o aparecimento dos sintomas pode durar até mais de dez anos.

Os anticorpos podem demorar semanas, por vezes meses, a aparecerem no sangue. Actualmente, as pessoas infectadas com uma análise positiva confirmada têm várias opções, pois existem tratamentos novos para combater directamente o vírus, fortalecer o sistema imunitário e prevenir as infecções oportunistas antes de elas se desenvolverem.

Mesmo quando o resultado do teste é negativo, as precauções a ter para evitar a contaminação pelo vírus não devem nunca ser esquecidas!


Medidas de Prevenção
O preservativo

Já que o VIH se transmite através pelos fluidos de um corpo, a forma mais sensata de evitar a transmissão do vírus é bloquear essa entrada.
As relações sexuais são um dos maiores comportamentos de risco na transmissão do vírus e não existem grupos sociais mais ou menos propensos à contaminação.
Heterossexuais, homossexuais ou bissexuais correm exactamente o mesmo risco ao praticarem sexo sem protecção.
Para evitar uma contaminação através do esperma ou das secreções vaginais, a palavra de ordem é Sexo Seguro.
Os preservativos são o meio mais eficaz contra a transmissão do VIH. Se usados em conjunto com lubrificantes espermicidas aumentam a capacidade de protecção.
Este simples pedaço de látex pode poupar vidas!

A seringa

Os toxicodependentes que utilizam seringas para injectar as suas doses de droga correm um grande risco de contaminação se partilharem as seringas, pois o vírus penetra directamente na circulação sanguínea. Actualmente, este comportamento de “cumplicidade”, além de perigoso, é totalmente desnecessário visto que as farmácias distribuem kits com seringas individuais e descartáveis.
Partilhar agulhas com uma pessoa contaminada ou desconhecida ou injectar qualquer substância com uma agulha e/ou seringa não esterilizada são comportamentos de alto risco. Os consumidores de drogas injectáveis não devem nunca partilhar nem agulhas e seringas nem o material utilizado para a preparação da droga, como colheres, algodão, sumo de limão, água, etc.
No entanto, e se essa partilha for inevitável, há algumas precauções que podem ser tomadas:

- colocar lixívia num recipiente, aspirá-la para a seringa através da agulha e deitá-la fora para o lavatório. Esta operação deve ser repetida 3 ou 4 vezes. Outra medida pode ser a de mergulhar a agulha e a seringa durante 20 minutos num recipiente com 1 parte de lixívia para 9 partes de água.

- passar por água corrente todo o material durante vários minutos

- limpar o recipiente cuidadosamente com lixívia e passá-lo por água corrente

Transfusões de sangue

Dar sangue é um procedimento seguro. As agulhas utilizadas para colher o sangue são esterilizadas, descartáveis e destruídas após serem usadas.
Receber transfusões de sangue também já não é tão perigoso como há alguns anos atrás. Os processos de detecção de sangue contaminado já existem há alguns anos, por isso é pouco provável a contaminação através das transfusões.

Cuidar do corpo

A boa forma física fortalece o sistema imunitário. Comer bem, descansar muito, fazer exercício e evitar as drogas, o álcool e o tabaco são alguns dos “truques” para manter a boa forma.
O estado de espírito é muito importante no que respeita à saúde. Um estado de espírito positivo é meio caminho andado para afastar as doenças!

As Mulheres

O número de mulheres infectadas tem aumentado em todas as regiões do mundo, em particular, nos últimos dois anos, na região da Ásia Oriental, seguida da Europa de Leste e da Ásia Central.
Na região Ásia Oriental o aumento foi de 56%, enquanto que nas duas outras regiões foi de 48%.
62% dos jovens com o vírus são do sexo feminino e, em alguns países, as taxas de infecção são cinco vezes superiores na população feminina (dados de 2003). A população feminina atinge quase metade da totalidade dos adultos infectados no grupo etário entre os 15 e os 49 anos. Neste grupo a percentagem de mulheres infectadas subiu de 41%, em 1997, para 48%, no final de 2003.
Esta tendência verifica-se na maior parte das regiões do mundo, e é particularmente pronunciada na região da África Subsariana, onde as mulheres representam mais de metade (57%) dos adultos que vivem com o vírus.
Esta disseminação do vírus entre as mulheres deve-se a factores como:

- As mulheres são biologicamente mais vulneráveis. Como parceiro receptor, a mulher apresenta uma grande superfície mucosa exposta durante a penetração sexual. Além disso, o líquido vaginal contém uma concentração de VIH muito menor do que o esperma. Assim, as mulheres correm um risco maior de contaminação com o VIH e outras doenças sexualmente transmissíveis (DST).

- As mulheres são epidemiologicamente vulneráveis. Muitas mulheres têm tendência a manter relações sexuais com homens mais velhos, o que aumenta as possibilidades de infecção, visto o parceiro poder já ter tido mais parceiros sexuais.

- As mulheres são socialmente vulneráveis ao VIH. Na maior parte das relações, o homem assume o papel activo, deixando a mulher numa atitude de subordinação. Assim, não é fácil para ela impor padrões de fidelidade ou o simples uso do preservativo.

Salienta-se, desta forma, que as desigualdades entre homens e mulheres nos aspectos sociais e económicos e no acesso aos serviços de médicos e de prevenção aumentam a vulnerabilidade das mulheres ao vírus. A violência sexual pode também aumentar o risco das mulheres, especialmente das mais jovens que são biologicamente mais susceptíveis à infecção.
A Gravidez

Uma mulher seropositiva ou com Sida pode transmitir o vírus ao filho durante a gravidez, o parto e/ou o aleitamento. O risco de contaminação de mãe para filho é de 20%. Ainda não é possível prever se uma grávida seropositiva vai ou não transmitir o vírus à criança. Também não se sabe em que momento da gravidez é que o vírus se transmite ao bebé.

Muitas vezes, a criança nasce de aparente saúde. Os exames que habitualmente se fazem ao sangue nesta idade não permitem saber logo se houve ou não contaminação. O que é facto é que todos os filhos de mães seropositivas nascem com os anticorpos delas e podem conservá-los durante um período que oscila entre 1 ano e 16 meses. Só nessa idade é que se pode comprovar se a criança está ou não infectada pelo vírus, a não ser que antes já tenha manifestado sintomas de contaminação ou que certas análises se tenham revelado positivas.

As terapêuticas anti-retrovíricas, ministradas durante a gravidez, no caso da mãe ser seropositiva, ou seja, portadora do VIH, permitem a redução para menos de 2% do risco de o bebé nascer infectado.
A prevenção da transmissão mãe-filho do VIH representa, cada vez mais, uma das estratégias essenciais no combate à propagação da SIDA, enfatiza a Comissão Nacional de Luta contra a Sida.
A realização do teste específico para o HIV na preparação e durante a gravidez, possibilita a adopção das medidas necessárias para a redução do risco de transmissão perinatal. Permite também à mulher, no caso de seropositividade assintomática, ter acesso precoce aos cuidados apropriados de saúde e melhorar o prognóstico da sua doença.

Os números dramáticos

A região da África Subsariana, com 66% das pessoas infectadas (25 milhões) mas só 10-11% da população mundial é a mais afectada pelo vírus da Sida. Em seis nações desta região, estima-se que mais de 20% dos adultos seja seropositivos.

A África do Sul, com uma taxa de prevalência na população adulta de 21,5% é o país com o maior número de pessoas infectadas no mundo (5.3 milhões). A Swazilândia tem a maior prevalência do mundo (38,8%) seguida pelo Botswana (37,3%).

Na América Latina e Caraíbas estima-se que 2 milhões de pessoas estejam infectadas com o vírus, das quais 252.000 foram infectadas em 2003.

Na Europa de Leste e na Ásia Central calcula-se que o número de indivíduos infectados seja de 1.3 milhões, num crescimento que se concentra em particular junto dos mais jovens.

Estima-se que 7.4 milhões de pessoas vivam com o vírus em diferentes partes da Ásia. Há uma preocupação especial com a situação da Índia e da China, duas das nações mais populosas do mundo. A Índia regista o segundo valor mais alto de pessoas que vivem com o vírus: 5.1 milhões.

O aumento verificado nos últimos anos na Ásia Oriental deve-se ao crescimento da epidemias na China, Indonésia e Vietnam. Na Europa de Leste e na Ásia Central o aumento deve-se especialmente à epidemia em expansão na Ucrânia e o crescente número de pessoas infectadas na Federação Russa. Com mais de 860.000 pessoas infectadas pelos vírus no final de 2003 a Rússia apresenta a maior epidemia da Europa.

O número de mulheres infectadas tem aumentado em todas as regiões do mundo, em particular na região oriental da Ásia, seguida da Europa de Leste e da Ásia Central. Na região oriental da Ásia o aumento foi de 56%, enquanto que nas duas outras regiões foi de 48%.

De acordo com o relatório conjunto da UNAIDS e da Organização Mundial para a Saúde não existe uma epidemia a nível mundial. Várias regiões e países estão a enfrentar diversas epidemias algumas ainda nos estados iniciais. Neste âmbito, mais que respostas fixas salienta-se a necessidade de soluções sustentáveis a nível mundial. O aumento verificado nos últimos anos na Ásia Oriental deve-se ao crescimento da epidemias na China, Indonésia e Vietnam. Na Europa de Leste e na Ásia Central o aumento deve-se especialmente à epidemia em expansão na Ucrânia e o crescente número de pessoas infectadas na Federação Russa. Com mais de 860.000 pessoas infectadas pelos vírus no final de 2003, a Rússia apresenta a maior epidemia da Europa.

Nos vinte anos seguintes desde que a primeira evidência clínica do Síndroma de Imunodeficiência foi reportada mais de 20 milhões de pessoas morreram com o vírus. Hoje em dia, a nível mundial, a Sida é a maior causa de morte no grupo etário entre os 15 e 59 anos.

Estima-se que existam cerca de 38 milhões de pessoas infectadas com o vírus em todo o mundo, um quarto das quais com idades entre os 15 e os 24 anos. Ocorreram quase 6000 novas infecções por dia neste grupo etário em 2003. Calcula-se que, 15 milhões de crianças vivam hoje órfãs de pai, mãe ou de ambos devido ao vírus.

O vírus da Sida é e principal causa de morte no grupo etário entre os 15 e 59 anos. O sexo entre indivíduos heterossexuais constitui a maior via de propagação do vírus.
De acordo com o relatório conjunto da UNAIDS (programa das Nações Unidas para o combate à Sida) e da Organização Mundial para a Saúde não existe uma epidemia a nível mundial. Várias regiões e países estão a enfrentar diversas epidemias algumas ainda nos estados iniciais. Neste contexto, mais que respostas fixas salienta-se a necessidade de soluções sustentáveis a nível mundial.

A Sida em Portugal

De acordo com o relatório "Infecção HIVH/SIDA - a Situação em Portugal", de Junho de 2004, da responsabilidade de Centro de Vigilância Epidemiológica das Doenças Transmissíveis em colaboração com a Comissão Nacional de Luta Contra a SIDA, verifica-se um aumento proporcional do número de casos de transmissão heterossexual e diminuição (proporcional) dos casos associados à toxicodependência.
O documento revela também que, desde 1999, observa-se que são notificados com maior frequência casos de SIDA, em grupos etários superiores (45 – 54 anos).
Os casos notificados de infecção VIH /SIDA, que referem como forma provável de infecção a transmissão sexual (heterossexual), apresentam uma tendência evolutiva crescente importante. No primeiro semestre de 2004, a categoria de transmissão “heterossexual” registou 54,9% dos casos notificados.
O total acumulado de casos de SIDA em 30 de Junho de 2004, era de 11.263, dos quais 400 causados pelo vírus VIH-2 e 162 casos que referem infecção associada aos vírus VIH-1 e VIH-2.
O documento salineta também que no primeiro semestre de 2003 foram recebidas 279 notificações referentes a mulheres, um número que subiu para 445 em igual período de 2004.
Apresentados em Novembro de 2004, os dados do Observatório Europeu das Drogas e da Toxicodependência indicam que o país detém o recorde de toxicodependentes infectados com o vírus da Sida entre os consumidores de droga injectada. Na anterior edição do documento, Portugal surgia em segundo lugar, depois da Espanha. Por último, e numa nota positiva, refira-se que, desde 1987, em Portugal a terapêutica anti-retrovírica é gratuita e de distribuição hospitalar.

Bibliografia e Sugestões de Leitura

Abraço

Comissão Nacional de Luta contra a Sida

Programa das Nações Unidas para o combate à Sida

Staying Alive

Organização Mundial de Saúde

KFF Fact Sheet youth


Sugestões de Leitura
L. A. & Ca, Sida na Escola

Lições de Sida, Lições de Vida

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