terça-feira, 14 de fevereiro de 2012

CARNAVAL: 2012: ANONIMOS

Máscara inspirada em personagem histórico inglês é adotada por manifestantes
A sinistra máscara usada por um personagem de quadrinhos inspirado no revolucionário inglês Guy Fawkes e popularizada pelo filme V de Vingança tornou-se um símbolo dos protestos contra a ganância corporativa realizados em todo o mundo.
De Nova York a Londres, passando por Sydney, Colônia e Budapeste, as manifestações têm em comum, além da temática, o estranho adereço, que inclui um bigode e uma barba pontuda.
Guy Fawkes e outros revolucionários católicos foram condenados à morte após uma tentativa fracassada de explodir as Casas do Parlamento e tomar o poder na Inglaterra, no século 17.
O aniversário do golpe fracassado, no dia 5 de novembro de 1605, é comemorado na Inglaterra com festas e fogueiras.
Ídolo Anarquista
Quatro séculos mais tarde, o autor de quadrinhos Alan Moore se inspirou na história do revolucionário Guy Fawkes para criar o personagem V, um enigmático anarquista que, tendo Fawkes como ídolo, luta para derrubar do poder um partido fascista fictício que assumiu o controle da Grã-Bretanha.
No começo do livro, V leva a cabo o plano original de Fawkes e explode as Casas do Parlamento.
O desenhista David Lloyd, responsável pelas ilustrações, criou a imagem original da máscara, popularizada em 2006 pelo filme V de Vingança, da produtora de cinema Warner.
Distribuídas como brinde no lançamento do filme, as máscaras tinham sido usadas, em 2008, pelo grupo de hackers militantes Anonymous durante um protesto contra a Igreja da Cientologia.
Desde então, foram incorporadas pelos manifestantes em protestos anticapitalistas.
O fundador do site de denúncias WikiLeaks, Julian Assange, chegou ao protesto Occupy London Stock Exchange (em tradução livre, Ocupemos a Bolsa de Londres), há duas semanas, usando uma das máscaras.
Assange, que foi à manifestação para fazer um discurso, tirou a máscara antes de falar - segundo relatos, a pedido da polícia.
Falando à BBC, o desenhista Lloyd vê uma relação entre sua máscara e a famosa foto do revolucionário argentino Che Guevara feita pelo fotógrafo Alberto Korda.
Vendas das marcas geram dinheiro para a MGM
Para ele, tanto a foto como a máscara viraram moda, um símbolo entre jovens de todo o mundo.
"A máscara de Guy Fawkes tornou-se uma marca, um cartaz conveniente para ser usado em protestos contra a tirania", disse Lloyd.
"Fico feliz com seu uso pelas pessoas, parece uma coisa única, um símbolo da cultura popular sendo usado dessa forma".
Anonimidade Coletiva
Curioso, o desenhista visitou a manifestação Occupy Wall Street (Ocupemos Wall Street) em Nova York para ver as pessoas usando sua máscara.
Lloyd explicou que quando ele e o escritor Moore criaram o personagem V, imaginavam uma guerrilha urbana lutando contra uma ditadura fascista mas queriam adicionar um pouco de teatralidade à história.
"Sabíamos que V seria um homem que havia escapado de um campo de concentração onde tinha sido submetido a experimentos médicos", disse.
"Mas tive a ideia de que, em sua loucura, ele decidia adotar a personalidade e a missão de Guy Fawkes - nosso grande revolucionário histórico".
O filme baseado no livro leva a ideia da guerrilha urbana mais adiante, e termina com a imagem de uma multidão de londrinos vestindo a máscara de Guy Fawkes, sem armas, marchando em direção ao Parlamento.
Esta imagem de identificação coletiva e de anonimidade simultânea estaria exercendo um apelo sobre grupos como o Anonymous, entre outros.
As máscaras, manufaturadas pelos estúdios Warner para promover o filme, são vendidas hoje para todo tipo de gente, de militantes a pessoas em busca de algo para vestir em uma festa a fantasia.
Um fenômeno interessante é que o adereço está sendo vendido em países onde o personagem histórico Guy Fawkes não é conhecido.
He-Man e Guerra nas Estrelas
O blogueiro Paul Staines, que escreve sob o pseudônimo de Guido Fawkes, disse achar irônico que militantes anticapitalismo e anticorporativismo usem um adereço identificado com a gigante do cinema Warner Bros - que está entre as cem maiores companhias americanas, com lucros, no ano passado, de mais de US$ 2,5 bilhões.
Uma integrante do grupo Anonymous que protestava acampada à sombra da catedral St Paul, em Londres, disse à BBC que ela e outros militantes estavam usando a máscara não apenas para proteger sua identidade.
Assange chegou a protesto em Londres usando uma das máscaras
"É uma coisa visual, que nos separa dos hippies e dos socialistas e nos dá identidade própria. Queremos ultrapassar o governo e começar do zero".
O especialista em quadrinhos Rich Johnston acha que a máscara tem conotações violentas.
"Não é um símbolo de resistência passiva, mas de terrorismo ativo. Ela está associada com a ideia de se derrubar um governo e um país. Isso pode ser muito assustador e alienante para algumas pessoas".
Por outro lado, a ideia da máscara V sendo apropriada como um símbolo político lhe parece ingênua.

Máscara do filme ‘V de Vingança’ tornou-se um ícone global
Passou de assinatura de um poderoso grupo de hackers a um símbolo do descontentamento mundial.
Uma máscara pálida e zombeteira vem se tornando o símbolo de manifestantes em todo o mundo. E a tal ponto que hoje compete com a mítica imagem de Che Guevara, captadas por Alberto Diaz ‘Korda’, ao menos entre os jovens.
Anonymous, o maior e mais temido grupo de hackers, a converteu em um ícone internacional ao usá-la como uma assinatura de ataques cibernéticos sem precedentes contra governos e grandes corporações. Mas faz um tempo que este símbolo deu um salto do mundo cibernético às ruas. Por isso, hoje ele é visto também em movimentos por uma melhor educação no Chile; as reivindicações dos 'indignados' na Espanha, os protestos de dissidentes na China ou nas marchas contra a cientologia na Inglaterra, para citar apenas alguns exemplos.
A máscara, tal e como a conhecemos, veio do filme V de Vingança (2006), que é baseado na novela gráfica de Alan Moore, ‘A Conspiração da Pólvora’. Trata-se de uma história inspirada em Guy Fawkes, um católico inglês que orquestrou no início do século XVII um complô para matar o rei James I e a sua corte protestante de uma só vez. Seu plano era explodir o Palácio de Westminster, em novembro de 1605, durante a sessão de abertura do parlamento. Coisa que não conseguiu.
O filme, ambientado no futuro, conta a história de um homem misterioso, uma espécie de justiceiro solitário que, por trás de uma máscara, realiza atentados para combater um governo ditatorial, ultraconservador e fascista que controla a Inglaterra. Algo que recorda os regimes que George Orwell e Aldous Huxley descreveram em seus livros 1984 e Admirável Mundo Novo.
Mas como terminou essa máscara, um híbrido de história e ficção, tornando-se símbolo de rebeldia e inconformismo a nível global?
Para o analista simbólico e pesquisador Rodrigo Argüello, exceto de que a máscara é um elemento esteticamente atraente, tem várias mensagens implícitas muito fortes: a mensagem libertária, um anonimato que representa milhões e a possibilidade de que esses milhões possam identificar-se, unirem-se e expressarem-se através de um símbolo poderoso que, também, os protege.
“Há um fim, que é a transformação dos indivíduos isolados em coletividade, livrando-se da severidade, do jugo, do tédio da vida cotidiana ou para rebelar-se ao imposto, ao dogma e aos fundamentalismos”, diz o especialista, que recorda que Nietzsche costumava dizer que “o profundo ama a máscara”.
No entanto, ele salienta que “não devemos esquecer que antes destes movimentos de protesto que hoje vemos uma grande quantidade da máscara, o filme V de Vingança já havia se tornado uma referência para os jovens, pois não é qualquer filme: tem uma mensagem política muito poderosa”.
“O preocupante, acrescenta, é que isso poderia abrir caminho para uma espécie de ‘anarquismo’ ou ainda, de ‘terror anônimo’, de inspiração gótica, que na literatura e no cinema é bom, mas que na realidade pode ser uma área mais complexa”.
O sociólogo e pesquisador em questões de cultura juvenil, Fernando Quintero, opina que isso se tornou “uma espécie de manifesto contemporâneo de uma nova ação política”.
“É uma forma de expressão política que se misturam as diferentes causas: desde o ambientalismo ao anti-consumismo. Uma idéia de protesto, de rejeição, predominantemente antissistema, e onde a força não vem de uma identidade clara, nem de uma cabeça ou um líder, mas da unidade de uma grande multidão anônima”.
Alfredo Molano, colunista e estudioso de processos sociais, diz que o que a máscara faz é “unir milhares em um propósito sem permitir identificar as pessoas que estão por trás desse propósito”. E explica que esta necessidade de “anonimato” está fortemente influenciada pelo medo às “acusações, à exclusão ou à repressão dentro de um sistema que se percebe muito parecido com a idéia orwelliana do “grande irmão”, ou seja, desse Estado todo-poderoso que tudo vê e observa: por meio de cartão de crédito, de telefone, twitter, e-mail, etc.”.
E conclui: “É a reação de uma população que se sente agredida pelo desemprego, pelo consumo agressivo e falta de oportunidades, em um mundo que os ignora como pessoas e apenas os vê como números, como compradores, e como potenciais consumidores”.
Um tremendo negócio
O maior paradoxo desta história é que este símbolo moderno do inconformismo se tornou um enorme negócio, especialmente para a companhia cinematográfica Warner Bros. que, depois de haver produzido o filme, possui os direitos do ícone de bigode fino e bochechas rosadas .
O próprio Beige confessou que a princípio pensou que as pessoas realmente gostavam muito do filme. Opinião que mudou quando começou a ver imagens de manifestantes com a máscara em todo o mundo.

Anonymous Guy Fawkes
V for Vendetta :V de Vingança
Estados Unidos / Reino Unido 2006
• cor
• 132 min
•Produção/Direção :James McTeigue
RoteiroAndy e Larry Wachowski
Elenco original:Natalie Portman Hugo Weaving Stephen Rea Stephen Fry John Hurt Natasha Wightman
Género:ação / drama / suspense / anarquismo
Idioma original:inglês

V for Vendetta (V de Vingança, no Brasil e em Portugal) é um filme de suspense distópico de 2006, dirigido por James McTeigue e produzido por Joel Silver e pelos irmãos Wachowski, que também escreveram o roteiro. É uma adaptação da série de quadrinhos de mesmo nome de Alan e David Lloyd. Situado em Londres, em uma sociedade distópica de um futuro próximo, Natalie Portman estrela como Evey, uma garota da classe trabalhadora que deve determinar se o seu herói se tornou a grande ameaça a que está lutando contra. Hugo Weaving interpreta V, um carismático defensor da liberdade disposto a se vingar daqueles que o desfiguraram. Stephen Rea vive um detetive que inicia uma busca desesperada para capturar V antes que ele inicie uma revolução.
O filme foi originalmente programado para ser lançado pela Warner Bros em 4 de novembro de 2005 (um dia antes do 400º aniversário da Noite de Guy Fawkes), mas foi adiado, e estreou em 17 de março de 2006. As críticas foram positivas e os ganhos de bilheteria mundial alcançaram mais de US$ 132 milhões, mas Alan Moore, depois de ter ficado desapontado com as adaptações cinematográficas de duas de suas outras novelas gráficas, Do Inferno e A Liga Extraordinária, recusou-se a ver o filme e, posteriormente, distanciou-se dele. Os cineastas removeram muitos dos temas anarquistas e as referências a drogas que estavam na história original e também alteraram a mensagem política para o que eles acreditavam que seria mais relevante para um público de 2006.
O filme foi visto por muitos grupos políticos como uma alegoria da opressão do governo. Libertários usaram isso como uma afirmação conservadora contra a intervenção governamental na vida dos cidadãos. Anarquistas usaram esse filme para propagar a teoria política do anarquismo.
Sinopse
Após uma guerra civil devastar os Estados Unidos da América, o Chanceler Adam Sutler (John Hurt) impõe um governo autoritário sobre o Reino Unido, através do partido conhecido como "Fogo Nórdico".
Em Londres, uma jovem funcionária de uma estação de TV chamada Evey Hammond (Natalie Portman) é atacada por três integrantes da polícia secreta conhecidos como "Os Homens-Dedo", que planejam estuprá-la. Ela é salva por V (Hugo Weaving), um enigmático anarquista que usa uma máscara de Guy Fawkes, um famoso conspirador inglês. V destrói um importante prédio, o Old Bailey, atraindo a atenção do governo, que envia o problemático Inspetor da Polícia Eric Finch (Stephen Rea) para capturá-lo.
No dia seguinte, V invade a estação de TV onde Evey trabalha e transmite uma mensagem para os cidadãos de Londres, convocando todos aqueles insatisfeitos com o governo a se apresentarem em frente ao parlamento no dia 5 de Novembro do ano seguinte e lutar pela liberdade. Na saída, sua vida é salva por Evey e, em agradecimento, V leva-a para sua base subterrânea, a Galeria das Sombras.
Investigando a vida de Evey, Finch descobre que os pais dela foram mortos pelos Homens-Dedo por questionarem o Fogo Nórdico e que o irmão dela morreu durante um atentado terrorista a uma escola, onde uma arma biológica foi liberada e matou milhares de crianças. Paralelamente, Evey acaba sendo envolvida na morte de dois indíviduos, estes mortos por V: o jornalista Lewis Prothero, também conhecido como "A voz de Londres" (Roger Allam), e a cientista Delia Surridge (Sinéad Cusack. Perturbada pelos acontecimentos, Evey oferece ajuda à V, na verdade, na tentativa de fugir para viver com seu chefe Gordon Dietrich (Stephen Fry). O Bispo Anthony Lilliman (John Standing) é morto por V e Evey aproveita para fugir.
Finch descobre que os três (Prothero, Surridge e Lilliman) trabalharam em Larkhill, uma instituição militar onde todas as pessoas consideradas "subversivas" (homossexuais, negros, judeus e etc.) foram enviadas, torturadas e usadas como cobaias para desenvolver a arma biológica que causou a morte do irmão de Evey e que foi, na verdade, ativada por Sutler para deixar o povo em pânico e usar a retórica para convencê-los a aceitar o Fogo Nórdico. V, Finch descobre, era uma das pessoas e tirou seu nome da cela onde foi colocado, a de número 5 ("V", em números romanos). Ele foi usado como cobaia em um experimento que lhe deu superforça, grande resistência e incrível agilidade, que ele usou para destruir Larkhill e assumir a identidade de V em busca de liberdade.
Dietrich, chefe de Evey (com quem ela passou a conviver), é morto pelos Homens-Dedo após fazer comentários contra Sutler em rede nacional. Evey é capturada e torturada por meses pelo governo para revelar a localização de V, mas se recusa e, por fim, descobre que foi capturada pelo próprio V, que fez o que fez para ajudar Evey a se libertar do medo causado pela morte de sua família.
Ela, a princípio, fica horrorizada, mas depois, descobre-se grata, porém, decide ir embora para continuar sua vida, deixando V desolado. Paralelamente, V faz um acordo com Peter Creedy (Tim Pigott-Smith), o psicótico líder dos Homens-Dedo: V irá render-se, em troca, Creedy trará Sutler até ele.
Quando chega o dia 5, Evey e V reencontram-se, e V surpreende Evey com um presente: V mostra a ela um metrô cheio de explosivos que ele pretendia usar para destruir o Parlamento e libertar o povo, e deixa Evey tomar a decisão de destruir realmente o prédio ou não. V despede-se e vai para o confronto com os Homens-dedo e Sutler. Creedy cumpre o prometido e V se despede de Sutler, que fica com medo ao ver V à sua frente e é morto. Em seguida, V vira-se contra Creedy, que é morto pelo anarquista, assim como seus homens.
Mortalmente ferido, V encontra-se com Evey e acaba por morrer, porém, feliz pois seu objetivo seria cumprido. Evey, com a permissão de Finch, que havia descoberto tudo, coloca V no metrô e ativa os explosivos, destruindo o Parlamento e dando ao moribundo V um funeral nada comum. Com Sutler, Creedy e seus homens mortos e o Parlamento destruído, o povo está livre.